segunda-feira, 22 de março de 2010

Voyerismo antiquado

A vida do outro fascina pela possibilidade de julgar os problemas alheios como ínfimos.

Parece que no outro, as frustrações pessoais se dissolvem. Como dizem por aí: é gozar com o pau dos outros.
Na minha incapacidade eu desmereço o outro pra me sentir maior, mesmo que por fantasiosos segundos ou quem sabe, uma vida inteira para os mais ousados.


Pela janela do carro,


pela janela do quarto,


pela tela, pela janela,


quem é ela, quem é ela,


eu vejo tudo quadrado, remoto controle.


Dessa música, a gente nota o quanto a superficialidade é negativa. Ela nivela por cima, não dentro, não profundo, não ao âmago, onde se escondem as belezas, as durezas, assim como a natureza nos propõe né Dona Pérola?

No Brasil, fofoca é opinião e a partir daí a gente fica sem saber "quem é ela", porque vemos tudo quadrado e nada muda na nossa vida, remoto controle.
Por experiência diária, nem todos os idiotas continuam a merecer meu silêncio, sendo assim: vai carpir um lote, infeliz! Sinta-se útil, você pode.

Ou vá ler um livro.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre o amor, rosas e espinhos

Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.
O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto."

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!"

Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos , socorreu-me em minha cegueira. Eu possuia e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos.

Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios.

Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois...

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou, e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo, nem tampouco fora do cultivo.

Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras...
Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas...
Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos.

Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 18 de março de 2010

O motivo não é a razão. O desejo não é a necessidade.

Tempos modernos é sinônimo de objetividade, de pouco tempo, de síntese.
É só observar o mundo virtual ao qual, submeteu-se o mundo real, cotidiano.
Frases curtas, imediatistas, apressadas e nada mais.
A magia das conversas e seus mistérios, das suas retóricas, réplicas, fracassos ou belezas, não existem mais.
Quem tem Twitter sabe do que eu falo. Parece que trocar um bom dia é apenas o permitido. Daí vem o sucesso dos reality shows, dos porres festivos sem raízes, das roupas caras e descartáveis.
Entre disparidades como viver na era da globalização e protagonizar microrealidades, estamos retrocedendo discretamente, como um inconsciente envergonhado de suas doenças e glóbulos brancos que nessa confusão não sabem mais o que fazer.
O Twitter ainda não me contagiou.
Fiquem espertos, meu nome é com dois “s”.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Madonna? Oi?



Longe de mim fazer comparações, nem soaria justo mas, a Lady Gaga veio como um rojão e continua como tal. Fina, vulgar, extravagante e de beleza discreta. Ela tem tudo ou melhor, quase tudo. Sem Jesus Luz forever.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Tem que rir pra não chorar

http://diariododoidao.wordpress.com/ (parafraseando meu amigo Fabrício)

Hoje me chegou o seguinte briefing pra um envelopamento de um DOBLO.


Tudo bem, tudo bom, fui abrir o arquivo word anexo (que já poderia te sido evitado copiando e colando simplesmente no corpo do e-mail) e me deparo com a seguinte pérola.

Cascavel 05 de março de 2010

CLIENTE: Tralalá Bar

JOB : Carro Doublo

Especificação: Fazer envelopamento do carro doublo

Tralalá Institucional

Data de liberação mídia : 09/03/2010

O atendimento aqui está ficando cada vez mais caprichoso.

Depois de Free Pés, agora tem o novo carro do bar, o doublo.

Doublo ou nada? É o bar do cebolinha?

 

terça-feira, 9 de março de 2010

Antes de espantar visita ruim, a vassoura, VARRE.

Os movimentos artísticos refletem o mundo das sensações.
Mistérios humanos sempre fascinaram o intelecto e eclodiam a percepção.
Dentro das fases históricas, artistas e contextos, o realismo tentou "riscar a faca" mas, o que era pra ser reflexão, virou briga.
A proposta de trazer à tona os entraves do homem em sociedade, ficou no papel, literalmente.
Olhar pra dentro de sí é mais doloroso que viver as mazelas do lado de fora.
Crivar nossos pensamentos, nossa essência, na busca pelo entendimento do presente, passou dos limites suportáveis entre a honra e o prazer, entre o verdadeiramente belo e o puramente estético.
Estar bonito é diferente de ser belo, o que sempre confundiu o sim e o não.
O belo engloba o todo, as possibilidades infinitas de se ter sem possuir, de estar sem comparecer, do viver sem nunca morrer.
A finitude se reserva ao fracasso do amor próprio.
Do não entendimento disso, surgiu o surrealismo. A vitória das paixões sobre as propostas mais loucas, por serem as mais claras e puras - a escuridão permanente aliena a luz no organismo, se torna nociva.
O invisível, o impressionante e o sexo - fases da arte, que imitam a vida e suas cirandas que nos convidam a girar, girar, girar e talvez, terminar como a Leila Lopes.
Sem graça?
Muito. Muito mesmo.


E morreu!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Agora eu vou dormir

Hoje vou usar meu melhor lápis. Não é de colorir mas, eu gosto dele mesmo assim. Nunca soube pintar bonito mesmo.

Às vezes eu tenho dó de usar meus preferidos, porque sei que vou apontar e um dia, tudo acaba.
No final de semana talvez eu use minha melhor roupa. Não há ocasião especial, na verdade, não há nada, é só mais um final de semana, só mais uma roupa.
O dia tá tão nublado, não vejo nada lá fora. Só carros que sobem e descem, pessoas que vão e vem.
Prefiro a caminhada à marcha das ruas.
Leite à cerveja. Também é bom pra dormir. Pra quem sabe, eu me sentir criança novamente e ter coragem de começar tudo de novo.
Estou abandonando essa vida de mentiras adultas. Deixo-a pra quem quiser, embalada, bonitinha, como foi entregue pra mim.
Minha mãe sempre disse que eu sabia conservar minhas coisas.
Sabe, nem sei porque estou escrevendo tudo isso, minha mente está tão vaga. Existe um buraco em mim, um abismo, uma piscina de vento.

O dia que eu encontrar nesse mundo, alguma verdade pra contar, eu volto a escrever.

quinta-feira, 4 de março de 2010

David Ogilvy para presidente do Brasil

O nível de desemprego no Brasil é o maior em 10 anos. Isso, porque a população está cada vez mais graduada. Basta olhar nas faculdades e universidades abarrotadas de gente.

O mercado cresce mas, pra onde vão estas vagas de trabalho?
Tem gente que vai pra graduação sem saber escrever corretamente.
Seria a influência da colonização lusitana?
Pelas piadas, eles são os burros sofríveis em Nossa Senhora de Fátima e os brasileiros, os burros espertos em Gerson.
Enfim... são burros então? Não! São piadas.
Faculdade pra gringo ver, estatística do IBGE pra gringo ver, aumento da renda pra gringo ver (bolsa família) e por aí vai (e por aí vem).
O Lula tem seus méritos sim mas, transformou o Brasil num produto - perecível ou não, com inevitável criação, ascensão, maturidade e declínio.


"Nunca escreva um anúncio que você não gostaria que a sua família lesse. Você não contaria mentiras para a sua própria esposa. Não conte para a minha".

quarta-feira, 3 de março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Enquanto o call center do céu bombava...

Hoje eu não quero falar de política, nem mercado publicitário, nem catástrofes da natureza, nem de entretenimento, filosofia, nem bizarrices das subcelebridades, nem bem, nem mal.
Hoje estou off, tô out.
Ontem passei por uma situação que me fez pesar meus "ditos" problemas.
Um roubo aconteceu na minha frente. Não comigo mas, poderia ter sido. Sem violência mas, poderia ter tido.
Eu consegui ajudar a vítima tomando todas as decisões práticas, legais e cabíveis enquanto a pobre moça que teve a moto roubada, se desesperava como uma criança cujo doce, caiu na areia por culpa de um pestinha.
Naquele momento, senti que a familiaridade da violência no dia-a-dia passa por uma espécie de negação dentro de mim. É como se fosse um novo autismo ou crença no corpo fechado. Agindo e pensando assim, ainda sei que autistas sofrem com a violência e baianos também.
Poucas vezes na minha vida, senti tanta vergonha por algo que não fiz ou talvez, saibamos no fundinho que cada um de nós tem uma - mísera - parcela de culpa nessa contra-história de príncipes e cinderelas.
Enquanto respirarmos pra (apenas) comprar carros de luxo, sempre vai ter alguém pra roubar.
Pergunta: A maldade começa em que ponta?
Resposta: No futuro, uma tábua de salvação.

"Não senhora, seu aparelho não era 220V, era 110V"