quarta-feira, 11 de maio de 2011

Querido diário...

                Ultimamente tenho me sentido meio perdida no tempo. É muita informação simultânea e olha que nem sou tão velha.
                Culpa desse saudosismo eterno que me faz olhar meio atravessado o presente? Não. Sei reconhecer que o mundo hoje tem suas maravilhas, mas parece que o passado, a infância, sempre nos resgata a algo melhor, mais verdadeiro.
                Parece que hoje as pessoas não tem mais história pra contar, tudo se resume a um suspiro e fim. É vida e morte agora, sem tempo pra mais nada.
                Um pequeno exemplo... o Twitter é o assassino confesso da boa leitura ao invés de ser uma ferramenta complementar, que exercite o poder de síntese também necessária (às vezes).
                Na escola a gente aprendia muito com a literatura, se apaixonava por personagens que viviam romances mais duradouros que uma noite ou tinham existências mesmo que simples, dignas de uma filmagem hollywoodiana. Hoje, quem conta uma grande história em 140 caracteres, é rei.
                Não há mais o lapidar das palavras, o cuidado em tomar merecidamente o tempo de quem te lê.
                Isso também vale para o cuidado ou falta dele, ao falar com quem te ouve. Pensar rápido demais nos faz trocar um “como vai?” por um “vai se fuder”. Dizem...
                Também há pressa demais pra se tornar um profissional exemplar ou basicamente querer ganhar o salário do outro, sem esforço, sem construir a própria história. Queremos ser o mentor sem antes ser aprendiz.
                O brasileiro especificamente já tem um pé nessa de querer pular as mazelas da história pra sair no lucro, graças à famosa lei de Gerson. Saudoso Gerson... que o diabo o tenha.
                É óbvio que comparar a vida adulta com a infância sempre será melhor Alessandra! Claro, mas eu não falo apenas da falta de responsabilidades em ser criança e a chatice em ser adulto, eu falo em como era “muito ótimo” conviver com os mais velhos naquela época, em como era bonito pensar “não vejo a hora de fazer 18 anos” ou então “quando eu crescer, quero ser médica”.
                Me imaginar uma adulta era tão gratificante que, um final de semana com meus avós na fazenda, era o melhor turismo do mundo. Hoje, quem sou eu sem um cruzeiro cheio de putas e viados? Não é preconceito com o mundo atual que me sorri com dentes de chumbo, eu só gostaria de poder ler, ouvir, sentir várias histórias e não me limitar a um estilo. O estilo rapidinho demais, superficial demais, impessoal demais.
                Esse frenesi me reprimi e me sinto em falta com o mundo. É difícil encarar de frente tanta coisa desnecessária (obrigatória) e ter que fazer a politicamente correta.
                Por isso eu ando de saco cheio de tanta gente, de gente que nem é mais gente. De gente que desenha um quadrado e imagina que é redondo, porque desenhar o círculo é mais difícil que se enganar.
                Lógico que eu também quero um pouco de vida fácil, de prazeres e prazeres. Mas eu não quero só isso. Só aceito um amigo interesseiro se ele vier com interesses, interessantes. Mais palavras, mais história, com capítulos de alegrias e tristezas. Depois disso o resto será síntese, quando no alto dos meus 90 anos eu pouco conseguir falar, mas do convívio com meus netos eu não abriria mão e por eles, ah... por eles eu viveria no Twitter sintetizando uma vida, VIVIDA.

Um comentário:

CristalHui disse...

Esse é o verdadeiro exemplo de um movimento retilínio uniforme!

As vezes quero abandonar essa vida apressada também, mas talvez as frustrações é que façam da gente serem melhores.

E no final, essa fórmula do que é melhor, nem exista, pq nunca é agora.