terça-feira, 7 de junho de 2011

A felicidade não é

Meu avô materno faleceu dias atrás. Tinha lá seus 83 anos, foi um fumante frenético e dono de um mau humor nocivo - o que tira o caráter de surpresa sobre a notícia.
Mas é claro que quando alguém próximo morre, a gente se decepciona com a vida, não importa a circunstância.
A vida poderia ter mandado inclusive, ocasião mais alegre para eu reencontrar tantos parentes que nem lembrava que existiam, salvo uma vaga lembrança de cheiro de bolo com chá.
Alguns tios, primas, eu não via desde a minha infância. Enquanto minha mãe se confundia com os nomes, eu me confundia com todo o resto. Aquelas pessoas estavam muito diferentes. A maioria envelhecida, de corpo e mente. Passei por estranha pra boa parte daquela gente que tem o mesmo sangue que o meu.
Foi o momento de eu me decepcionar com a vida pela segunda vez no mesmo dia. Todas aquelas pessoas foram tiradas de mim, das minhas expectativas criadas quando eu era pequenina.
Há anos atrás todas as vidas tomaram rumos diferentes. Cada um foi pra um canto, cuidar da própria história que pra ter emoção, renova os personagens.
Fui conversar sobre isso com um parente lúcido que estava lá e no fim do papo, pedi perdão a Deus, pois eu estava prestes a me decepcionar com a vida novamente e de novo. Aquele cara com quem eu falei por uma hora, mais ou menos, sempre foi um exemplo de vida que tinha acabado de cair por terra.
Trabalhador desde jovem, filho exemplar, inteligente, casado e com filhos queridos, era na verdade, um praticante da velha e nem tão boa bigamia. Fiquei chocada: as pessoas mudam ou encenam? Ele disse que as pessoas nunca mudam. Pronto! Fiquei perplexa, mais que perplexa.
No fim daquele dia triste, previsível e surpreendente, percebi que no fim das contas todos estavam ou ficariam bem – cada um ao seu jeito.
A única coisa que entendi naquilo tudo, é que: nunca é agora, sempre tem o depois, o por vir. Eu decidi que essa não é apenas uma frase da minha amiga Mariana, é uma verdade que nos abraça tão forte, que nos machuca sem querer.

2 comentários:

CristalHui disse...

Minha querida, entre tantas decepções espero que o contentamento (pra não forçar na "felicidade") tenha vindo ao vc enxergar a si mesma, ao enxergar que pode até ser que ninguém mude, mas que vc concerteza mudou e que muda, sempre pra melhor. Ontem no Jornal da Cultura ouvi dizer que a cultura é dinâmica e mutável. Então vamos :) e quem quiser ficar que fique.

Inajara disse...

estive pensando sobre seu post e nossas conversas e acho q o que salva é o poder de se surpreender ainda com as pessoas, isso é bom! mas no mais a essência não muda..enfim o resto de não mudar ja sabe é só uma opinião q as vezes nÃO MUDA ,,,rs