terça-feira, 10 de julho de 2012

Futebol: o jogo do milhão


Hoje de manhã, vi um post no facebook e achei fantástico, resolvi escrever sobre, devido à indignação que percebi nas pessoas que comentavam. O post falava da discrepância entre os salários de algumas atividades importantes comparadas com salários de pessoas que não faz muita coisa para o bem estar físico, mental e intelectual da humanidade, em resumo criticava um jogador de futebol e deputados que ganham muito para fazer quase nada. 
É por isso que não assisto a futebol, e nem compro marcas que patrocinam isso, essa história de que o esporte ajuda à pessoa seguir o caminho do bem já era, afinal, não é isso que ando lendo nas páginas policiais. Ao contrário, li algumas coisas sobre; jogador envolvido com tráfico, assassinatos, orgias, dependência química, dirigindo bêbados. Enfim, acho um absurdo esse estereótipo de que o esporte incentiva o bem, a pessoa sair da favela e ir para o estrelato. 1) Primeiro; não é todo mundo que consegue fama, aquele que não consegue muitas vezes será um jogador frustrado e vai buscar outros meios para conseguir dinheiro e status. 2) Segundo; muitos dos que conseguem se deslumbram com a fama e o sucesso e esquece os princípios para se viver bem em sociedade as “etiquetas” e as “regras sociais”, dificilmente, quando cometerem um conflito com a Lei serão punidos, no máximo pagarão multas ou serviços comunitários etc. Tem que ser dito, é que o que realmente muda o caminho do indivíduo, que está à beira da pobreza, com fome, e na “porta” de entrada do tráfico e criminalidade é educação, trabalho, e condições para que mantenha sua dignidade.
Se você não se importa com isso, ou tem uma opinião diferente e acha que os jogadores fazem muita coisa para ganharem tanto dinheiro e que eles lutam e corre atrás e que realmente merecem estar onde estão, então ótimo! Acho válida essa opinião, bem como aquela opinião de que o esporte é um entretenimento da família brasileira, tipo aquela antiga história do “pão e circo”, mas não venha reclamar dessa desigualdade entre salários e status, nem criticar o quanto de milhões e milhões estão sendo gastos com a Copa do Mundo, enquanto quase nada é feito para a educação, saúde, moradia, que são direitos básicos e necessários garantidos pela nossa Constituição.
Mas, para vocês que ficam indignados com esses "humildes" salários, parem de gastar horrores com viagens para ver clube jogar, parem de pagar canal de jogos, parem de comprar uniformes de times, parem de comprar rojões para festejar títulos dos quais você só ajuda a pagar e não se beneficia deles, parem de se reunir em bares em dias de jogos para tomar aquela cervejinha (ela está patrocinando tudo isso) se diminuir o Ibope que são dados a eles, talvez o salário diminua, duvido qual patrocinador que irá por sua "marca" estampada em algo que não é tão visto, tão assistido e comentado. Todos sabem a sedução da mídia, as artimanhas do capitalismo, a cada flash da marca estampada na camiseta de um jogador fica guardado em nosso inconsciente, favorecendo o consumo dessas marcas, e é aí que o clube ganha, e repassa para seus jogadores. Fora os comerciais de TV que usam imagem desses jogadores tão assistidos e comentados para vender mais e mais, seduzindo o consumidor a comprar mesmo sem ter condições.
Se as coisas fossem diferentes e quiséssemos assistir a uma competição da Olimpíada Brasileira de Matemática, com certeza, várias empresas adorariam patrocinar os alunos e as escolas. Não sei se todos ficaram sabendo, a luta que foi para uma professora conseguir que seus alunos participassem de um encontro de ciências fora do país, bem na verdade eles precisavam apenas do dinheiro para passagem, hospedagem e alimentação.
E aí se perguntam, sim, mas o esporte pelo menos é uma “paixão nacional” e os deputados então? Pessoal! Vamos nos lembrar do espetáculo que é a copa do mundo? Vamos refletir o que acontece dois meses após a copa do mundo? Eleições! Na minha humilde opinião, acho que algo está errado, o brasileiro tem o hábito de assistir a futebol, pesquisa sobre seu clube, grita, ofende amigos e familiares, alguns até matam em nome do esporte, claro que são poucos perto do número de fanáticos por futebol, mas isso acontece. Mas não tem o hábito de pesquisar quem serão os governantes, responsáveis pelo nosso dinheiro e pelo futuro do país. Na verdade acho que estamos sendo “educados” para isso, para ser ignorante para coisas sérias e sermos sérios com coisas irrelevantes.




Raquel Borges de Lemos

Um comentário:

Karina Cividanes Izzo disse...

Concordo com tudo que escreveu. Também acho que o Brasil tem outras milhares de prioridades do que uma copa. Porém só tem um detalhe que acho importante que a copa ou as olimpíadas nos trazem: elas forçam medidas de melhoria. É triste pensar que num país como o nosso, tenha-se que fazer eventos desse tipo, gastando muito mais do que o necessário, para termos melhorias na infra-estrutura. Mas é o que acontece. Se ver a história das Olimpíadas, elas já revitalizaram bairros inteiros, em diversas cidades que foram sede. Tomara que pelo menos isso aconteça por aqui.