sábado, 31 de maio de 2008

Ensaio da cegueira

Mais uma parte

Quando seu cavalo tinha tudo pra ganhar e ele perde, os dividendos começam a se contabilizar, um a um como num livro de Stephen King.
Pior que pagar por isso é não saber ao certo como lidar com o sabor amargo da decepção. Para essa não é possível somar os prejuízos e programar uma data pra que termine, vá embora, assim como veio.
A decepção vai além do bolso, vai além do conquistar com o trabalho, ela nos toma como um vírus que nos faz adoecer ou então prefere ficar encubado durante tempos, esperando o momento oportuno de aparecer e destruir com as possibilidades de uma nova tentativa de confiança, de uma vida saudável.
Percebemos que a partir daquilo, nós não estamos mais auto-imunes a essa triste doença.
Assim, já não vemos mais graça em corridas de cavalos, em torcer, em apostar, em acreditar.
E pra isso não existe cura imediata, mas existe tratamento, para alguns demorado, para outros, doloroso.
Passe a duvidar de você, não dos outros.
Às vezes, criamos deuses dentro de nós, como na Mitologia Grega: tão saudosos quanto imprevisíveis. Ou ainda, talvez uma mera ilusão que a gente insiste em fazer verdade.
Esse é o preço que se paga por sermos tão ausentes de nós mesmos e tão presentes no Olimpo.

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